terça-feira, 3 de novembro de 2015

Rust

“Há idéias mais amplas em desenvolvimento, principalmente o que é nosso como sociedade para nossas ilusões mútuas. Catorze horas encarando cadáveres, é nisso que se pensa. Já fizeram isso? Olha-se nos olhos deles, mesmo em uma foto. Não importa se estão mortos. Você consegue lê-los. E sabem o que se vê? Eles aceitaram a morte. Não de primeira, mas no último momento. É um alívio evidente, porque estavam com medo, e agora viram, pela primeira vez, como era fácil deixar tudo para trás. E viram, no último nanossegundo, o que elas eram. E viram que todo esse drama não passava de uma presunção e uma determinação tola. E poderiam deixar tudo para trás. Ainda mais agora que não precisavam se preocupar, em perceber que toda a sua vida, todo o seu amor, ódio, lembranças e dor era tudo a mesma coisa, tendo o mesmo sonho. Um sonho que tiveram dentro de uma sala trancada. Um sonho sobre ser uma pessoa. E, como em muitos sonhos, há um monstro no fim dele.”

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